Não é novidade que, desde o “descobrimento” até os dias atuais, as garantias constitucionais de preservação e proteção dos povos indígenas e de suas terras e línguas têm sofrido, no Brasil, graves ameaças. Com o intuito de pensar em medidas que visassem a preservação, a revitalização e a proteção das línguas nativas, sobretudo em face do iminente risco de desaparecimento desses idiomas, a Unesco elegeu o ano de 2019 como o Ano Internacional das Línguas Indígenas.
De lá para cá, muitas universidades e instituições têm se voltado, mundialmente, à discussão dessa temática.
Na esteira dessas medidas, o Curso de LinCom da UFPR Litoral está oferecendo, nesse semestre, dois módulos que versam sobre a temática indígena, ministradas pelo Prof. Paulo Henrique de Felipe:
a) Práticas Escolares, Subjetividade e Diversidade (2as feiras das 20h30 às 22h):
A temática desse módulo é a Educação Escolar Indígena. O objetivo é levar os alunos a compreenderem o estágio atual e passado da educação escolar indígena no Brasil, desde o tempo da colonização até o que se tem feito hoje nas escolas e universidades. A ideia é levar os participantes a superar preconceitos e incompreensões em relação às necessidades e interesses educacionais de comunidades indígenas, e também evidenciar o quão cruel e violento foi e, ainda é em alguma medida, o processo de escolarização das populações indígenas ao longo do tempo.
b) Comunicação, Cultura e Educação Popular (5as feiras das 20h30 às 22h):
Este módulo apresenta aos alunos um panorama sobre as Línguas Indígenas Brasileiras. Trata da evolução histórica dessas línguas; das hipóteses de povoamento da América do Sul; da classificação dessas línguas; do status de risco, em termos de nível de vulnerabilidade das línguas indígenas faladas hoje no Brasil; do número de línguas no passado e atualmente; das fontes de conhecimento e das pesquisas em curso. O objetivo principal é permitir que os alunos conheçam mais sobre a imensa diversidade que constitui a América do Sul e, sobretudo, o Brasil, e que possam também compreender o quão multilíngue e multicultural é a sociedade brasileira, apesar de o português ser a única língua oficial no país.
Sobre o professor Paulo Henrique de Felipe:
Linguista indigenista e apaixonado pelo trabalho com comunidades indígenas. Desde 2010, trabalha com pesquisas voltadas ao estudo das línguas indígenas, em diferentes perspectivas. Tem muito interesse em descrição de línguas indígenas, tipologia linguística, Educação Escolar Indígena e Políticas linguísticas. Fez mestrado e doutorado na Unicamp e uma parte do doutorado na Universidade do Texas.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7300391075001402.
O Prof. Paulo Henrique de Felipe também está oferecendo duas ICHs este semestre:
a) Língua e sociedade (sociolinguística) (4as feiras das 19h30 às 20h30):
Introduz os estudantes ao campo da sociolinguística, de modo a fazê-los refletir sobre a estreita relação entre língua e sociedade. Trata do histórico e constituição da sociolinguística; conceitos teóricos principais: variação e mudança; variedades linguísticas – variedades sociais e regionais; variedades padrão e não padrão; mudança linguística; bilinguismo; plurilinguismo; línguas veiculares; pidgins e crioulos; planejamento linguístico; atitudes e comportamentos linguísticos e contribuições da sociolinguística para o ensino de língua materna, sobretudo no combate ao preconceito linguístico e à valorização da diversidade linguística da escola.
b) Os sons das línguas: diversidade e ensino (4as feiras, das 20h30 às 21h30):
Apresenta aos estudantes a fonética articulatória, ou seja, o estudo dos sons das línguas do mundo, permitindo que se conheça a anatomia e a fisiologia da fala e os critérios de classificação dos sons, bem como a descrição dos sons das línguas e o reconhecimento e a interpretação do alfabeto fonético internacional. Os estudantes também aprendem a transcrever foneticamente e, se possível, a reconhecer e estruturar sílabas. Esses conhecimentos são fundamentais para o reconhecimento dos problemas de ensino e, portanto, são essenciais à prática docente dos alunos em formação.