Foi inaugurada dia 10 de agosto a exposição “Conexões”, com obras da professora da UFPR Litoral Carla Ruschmann. A mostra reúne uma série de pinturas que exploram a interseção de dois círculos e o uso da geometria como expressão de conceitos vitais, buscando harmonia entre formas, cores e espaço.
Segundo a professora Carla, o conjunto de obras é uma celebração da interseção entre arte, geometria e vida. A série teve início em 2018, inspirada por um experimento da pesquisa teórico-prática, a partir de quatro semicírculos em dois tamanhos diferentes que se cruzaram. A geometria desempenha um papel central na série Conexões.
Da interseção de dois semicírculos surge a Vesica Piscis, elipse presente nas obras e que representa a semente e a união de duas células que criam uma terceira. Esse símbolo que conecta crenças sobre criação e cosmologia, perpassa o Egito antigo, o cristianismo primitivo, o hinduísmo, o budismo, os celtas. Em Conexões aparece como uma metáfora para a vida e a unidade, um interpretante refletindo também a simetria e a materialidade do corpo humano, especialmente o feminino. A paleta de cores utilizada nas obras é cuidadosamente escolhida para representar a complementariedade entre o feminino e o masculino. “Essa interseção representa a semente, tem a ver com a vida, com duas células que se encontram e criam uma terceira. É uma metáfora da união e da criação, tanto física quanto simbólica”, explicou Carla.
A artista trabalha com cores contrastantes dentro do círculo cromático, criando uma harmonia visual que corrobora essa união de duas unidades distintas. As pinturas são compostas por várias camadas de cor, cada uma representando um estágio de aperfeiçoamento e transformação, semelhante aos anéis de crescimento das árvores.
Embora a simetria seja um caminho óbvio para alcançar a harmonia, a artista desafia essa noção através do uso criativo das cores, rompendo a simetria total e explorando novas possibilidades compositivas. Este exercício resultou em obras que, embora possam parecer simétricas à primeira vista, revelam uma complexidade maior ao serem observadas.
Mesmo que a simetria seja um ponto de partida para as pinturas de Carla Ruschmann, em certos momentos a artista busca desvirtuá-la. “Algumas peças parecem simétricas, mas ao utilizar cores diferentes no eixo vertical, a simetria total é rompida, criando uma dinâmica visual”, completa. A série em exposição apresenta algumas obras compostas por mais de uma tela, chegando até 9 módulos, que destacam a multiplicidade de composições possíveis a partir de diferentes disposições desses módulos.
Sobre o uso das cores, ela comenta: “Como parto de duas unidades que vão gerar uma terceira unidade, a semente, busco trabalhar com cores contrastantes dentro do círculo cromático, quase como opostos. Isso simboliza o feminino e masculino, ou a diferença entre duas unidades que se buscam complementar”.
A artista diz que sua trajetória na geometria começou ainda na faculdade, quanto gostava de retratar o mar. “Pouco a pouco comecei a geometrizar as formas, ao estilo de Pancetti, mas ainda mais simbólica e matemática”, comentou.
Com informações do site https://www.mcaa.pr.gov.br/
SOBRE A ARTISTA – Carla Ruschmann é bacharel em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes (Embap) e doutora em Belas Artes pela Universidade de Granada, na Espanha. Atualmente, é professora da Universidade Federal do Paraná, onde leciona no curso de Licenciatura em Artes.
SERVIÇO
Exposição Conexões
Em cartaz até 15 de setembro
Sala Anna de Oliveira – Museu Casa Alfredo Andersen (R. Mateus Leme, 336 – São Francisco, Curitiba – PR)