A cidade de Matinhos recebeu pela primeira vez o Festival de Inverno da UFPR. Oficinas, música, coreografia e pintura agitaram o fim de semana no campus do Setor do Litoral, onde ocorreram as atividades do 27º Festival de Inverno da UFPR. É a primeira vez que a cidade recebe o evento que tradicionalmente acontecia apenas em Antonina.
O destaque da programação foram as atividades promovidas por atividades de extensão que existem no setor, como o Projeto “Conhecendo e Vivenciando as Artes Visuais”, coordenado pela professora Carla Beatriz Ruschmann, que abriu dois espaços para que a comunidade tivesse um primeiro contato com a pintura. A ação chamou os presentes a participar da confecção de um mural coletivo e montou um atelier de arte para as crianças.
Festival de Inverno da UFPR em Matinhos – foto:Marcos Solivan
Francely Helene, estudante de artes visuais na UFPR, é uma das mediadoras da atividade das crianças, ela conta que “a parte mais legal de se trabalhar com as crianças é que elas criam arte de um modo quase instintivo acho que é porque elas não vêm com uma concepção do que as pessoas acreditam que seja a arte, elas pintam apenas para se divertir”. A estudante é bolsista no projeto e participa como ministrante do atelier infantil que dá aulas de introdução à pintura para o público infantil na cidade.
Já o Núcleo Corpos Inquietos/Laboratório de Estudos em Educação, Linguagem e Teatralidade ofereceu duas oficinas. A primeira, “Escolarização dos corpos: vivência e reflexão” propôs uma reflexão sobre como os corpos são adestrados no ambiente escolar. Ministrada pela bailarina Cristiane dos Santos Souza, a oficina propõe aos participantes exercícios de sensibilização corporal na busca de ampliar as dinâmicas levadas para a escola. Com o título ‘Inquietude e caretice: vias de acesso para uma não conformação corporal’, a segunda oficina foi ministrada por Amanda Haubert Ferreira Coelho e Eloisa Sampaio, do curso de Tecnologia em Produção Cênica da UFPR, propuseram dinâmicas de sensibilidade que exploraram contrastes como quietude e inquietude, peso e gravidade, interno e externo, eu e o outro e suas inter-relações.
O núcleo também organizou um espaço para a mostra performances que foram apresentadas no domingo. A estudante de licenciatura em artes, Marina Chiva, apresentou a coreografia ” estudo do corpo inabitado”. A peça procura expressar uma crítica aos padrões estéticos presentes na sociedade especialmente em relação a exigências que se faz às mulheres. “O manequim significa o padrão de corpo que as mulheres e na verdade todas as pessoas, até mesmo os homens, imposto pela sociedade em contraste com amor incondicional que podemos ter pelos outros independente de forma.” Explica a estudante que durante a performance carregava um manequim atado firmemente a seu corpo em tentativas de carrega-lo ou de se livrar dele. Chiva estava nua na busca de ampliar o efeito de contraste. “O manequim é um corpo não tem alma” completa a estudante. A censura da atividade era de 18 anos.
Além da oficinas de dança o festival recebeu em Matinhos a oficina ‘Recursos Técnicos da iluminação cênica” que ofereceu aulas de qualificação básica em iluminação, os alunos tiveram um primeiro contato com o uso da luz como recurso cênico e dramático e a oficina “O que pode o corpo? A dança como potência de vida” voltada ao público com idade mais avançada.
Expansão do festival
O Pró-reitor de Extensão e Cultura, professor Leandro Gorsdorf, destacou que a expansão do festival para outras cidades é uma forma de integrar ações culturais e extensionistas que já existem na cidade. “A ida do festival para Matinhos e também para Paranaguá nada mais é do que o reconhecimento do trabalho que já existe sobre diversidade cultural e as relações com a comunidade. O festival vem coroar e ser um momento de integração de todas estas atividades já existentes” explica Leandro. O professor lembrou que a iniciativa que trouxe a feira de alimentos para o festival foi iniciativa do Projeto de Extensão Fortalecimento do Empreendedorismo Inovação e Gestão Familiar para o Turismo da Baía de Guaratuba, coordenado pela professora Beatriz Cabral, que promove o turismo comunitário na região. O Setor do Litoral, onde acontece as atividades, teve um papel essencial nesta expansão organizando toda a programação na cidade. Dirigido por Renato Bochicchio, a unidade articulou com seus grupos de pesquisa e seus projetos de extensão diversas atividades como oficinas, apresentações e intervenções artísticas.
Música e cultura popular
O festival em Matinhos encerrou com o ritmo de UN2UO, dos percussionistas Luíz Fernando Diogo e Vinicius Portes, que já foi atração em festivais de música como o Festival Internacional de Percussão de Curitiba, Bienal de Música Hoje, Simpósio Internacional de Música Nova e Festival Villa Lobos, no Rio de Janeiro, no qual foram premiados no Concurso Internacional de Música de Câmara. A organização ainda reservou um espaço especial para expressões artísticas livres que contou com apresentação de bandas locais e outras apresentações. Uma roda de capoeira do grupo Zoeira Nagô trouxe um pouco da ginga desta arte centenária desenvolvida pelos negros brasileiros para Matinhos, no sábado.
Da Superintendência de Comunicação Social – Sucom/UFPR
Foto: Marcos Sulivan