Evento reuniu IEs públicas do litoral do Paraná

 27 de setembro de 2024 - 16h16

Ciclo de Debates promove encontro entre diretores da UFPR, IFPR e Núcleo Regional

Na tarde de 26 de setembro, a UFPR Litoral promoveu um encontro de representantes das Instituições Públicas de Ensino Superior presentes nos municípios do litoral do Paraná. O evento também abriu as comemorações de 20 anos do campus de Matinhos, que irão até agosto de 2025. Para Vanessa Andreoli, diretora do Setor Litoral, “O projeto UFPR Litoral foi criado há quase vinte anos para impactar positivamente no desenvolvimento territorial sustentável da região a partir de uma educação contra hegemônica, humanizada e democrática. É nossa tarefa repensar e analisar tudo que mudou nos últimos 20 anos, para olhar de forma mais madura e qualificada para nossa atuação”, afirmou Vanessa. Ela ainda ressaltou que é necessária a articulação dessas instituições diante dos desafios apresentados na região relacionados às questões ambientais, as unidades de conservação, os interesses imobiliários e a rápida expansão dos cursos superiores via educação a distância.

Vanessa Andreoli abriu o evento cumprimentando a todos presente e os convidados representantes das demais instituições de ensino, professor Júlio Gomes, Pró-reitor de Graduação e Educação Profissional da UFPR, professor José Guilherme Bersano Filho, diretor do Centros de Estudos do Mar da UFPR, com sede em Pontal do Paraná, professor Hugo Alberto Perlin, diretor do IFPR Campus Paranaguá e o professor Paulo Severino Penteado, chefe do Núcleo Regional de Educação de Paranaguá.

O representante do Núcleo Regional elogiou a atuação da UFPR Litoral, especialmente nas ações de extensão: “A UFPR não só faz a extensão, mas ela tem a extensão como seu sentido de existir. Uma coisa, neste conceito histórico, é você ir até a comunidade outra é estar na comunidade, é muito diferente”, afirmou o professor Paulo Penteado. Para o diretor do IFPR, Hugo Perlim, as instituições precisam unir esforços para atrair e manter os estudantes, diante da oferta cada dia maior da educação a distância. “Nós temos que pensar em estratégias para o nosso ensino médio profissionalizante, assim como para os cursos de graduação e pós-graduação”, afirmou Hugo Perlim.

O pró-reitor Júlio Gomes ressaltou que é necessário aproximar as universidades das escolas, seja por meio de projetos de extensão, de educação tutorial (PET), Pibid que vão até as escolas, como também trazer os estudantes de nível fundamental e médio para atividades dentro das universidades. “Questiono qual é o movimento articulado que a gente faz com todos esses agentes da universidade, no sentido de promoção da educação superior, eu acho que falta uma articulação nesse sentido também”, indagou o pró-reitor.

Na segunda parte do evento, falaram os professores convidados a palestrar sobre o tema proposto: Cenários do litoral paranaense: juventude, trabalho e acesso ao ensino

superior. O professor Ricardo Monteiro, docente do Setor Litoral, apresentou uma análise minuciosa da realidade educacional da região do litoral paranaense e seu entorno a partir de dados do Censo Escolar de 2007 a 2023. Ele mostrou que houve um grande decréscimo do número de matrículas desde o ensino fundamental, devido a diminuição do ritmo de crescimento da população, ao mesmo tempo em que municípios como Matinhos e Pontal do Paraná tiveram crescimento populacional expressivo, devido à migração.

No litoral do Paraná as matrículas tiveram queda de 5,7% , quase metade da média nacional do mesmo período que foi de queda de 10,8%. Em 2022, apesar da grande oferta de cursos superiores por educação a distância, pouco mais da metade das matrículas no município de Matinhos eram da UFPR. “Temos que pensar também nos municípios que estão ao sul do litoral, como Joinville, Garuva e Itapoá (SC), uma vez que, se considerarmos os três municípios de Santa Catarina, ampliamos a população do entono para 1 milhão de habitantes (potencial público das universidades), sendo que hoje consideramos menos de 300 mil (dos municípios paranaenses)”, afirmou o professor.

A segunda apresentação foi da professora doutora Kelem Ghellere Rosso, coordenadora do curso de Ciências Sociais do IFPR, colaboradora do mestrado Profsocio (UFPR) e pesquisadora nas áreas de trabalho, juventude, ensino de sociologia e escola. Ela apresentou alguns resultados de sua pesquisa doutoral: Trabalhando no Madero: estratégias de controle e a centralidade do trabalho juvenil no capitalismo dependente. Kelem contextualizou sua pesquisa abordando a realidade socioeconômica dos jovens que se dispõem a ser funcionários da empresa que é uma das maiores redes de fast food brasileiras.

Para ela, o que o Madero faz é reeditar práticas antigas de exploração do trabalho de jovens de famílias de baixa renda, especialmente daqueles que residem em cidades do interior e no nordeste brasileiro, onde as perspectivas de estudo e trabalho são mais restritas. Para Kelem, “embora a empresa seja vista como uma organização moderna e um exemplo de sucesso, ela utiliza um dos métodos mais retrógrados no que diz respeito ao processo de trabalho”. Ela afirmou que o Madero tem cerca de 8 mil funcionários, com idade média de 25 anos, e que oferece além de emprego, alojamento a muitos desses funcionários, que se deslocam de suas cidades para trabalhar em outros locais, as vezes, muito distantes. “Isso permite à empresa exercer quase total controle sobre esses trabalhadores”, alertou a pesquisadora.

No encerramento do evento, os participantes puderam debater e problematizar os dados e análises apresentados, chegando a proposta do evento de refletir e pensar em ações concretas para aproximar os jovens da educação superior pública e gratuita, ampliando as possibilidades de formação e melhor inserção no mercado de trabalho e perspectivas socioeconômicas.

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