XII EPEA reuniu centenas de participantes

 17 de abril de 2025 - 19h40

A UFPR Litoral, em Matinhos, foi sede da 12ª edição do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação Ambiental (EPEA), o primeiro realizado na região sul do Brasil. O evento reuniu pesquisadores de todo o país para ampliar os debates sobre práticas de pesquisa em educação ambiental e incentivar o desenvolvimento e fortalecimento de novos núcleos de produção acadêmica voltados à sustentabilidade socioambiental.

A conferência de abertura foi ministrada pela filósofa Nadja Hermann, que discorreu sobre o tema Enlace entre estética, ética e meio ambiente. Para ela, o amplo movimento que constituímos em relação à natureza, foi inicialmente fundado no medo para, posteriormente, tornar-se uma relação egoísta e manipuladora, baseada no desencantamento do mundo e operada pela visão mecanicista, que gera o progresso cego da técnica. Na sua fala, Nadja apontou outra possibilidade de relação com a natureza, promovida pela dimensão estética, sobretudo pelo sentimento do belo e do sublime. “A proximidade com o sentimento moral tem chance de mitigar o antropocentrismo e trazer um sentido menos predador, abrindo o ensejo para uma ética, segundo a qual o homem pode pensar e sentir-se, não independente da natureza, mas inserido numa complexa relação com ela”, refletiu a conferencista convidada.

No decorrer da semana, entre os palestrantes convidados esteve professor doutor Frederico Loureiro, da Faculdade de Educação da UFRJ, autor de diversos livros e artigos em educação ambiental, um dos pesquisadores mais reconhecidos na área.  Professor Loureiro ressaltou a necessidade de os membros da academia saberem como dialogar, nos seus processos de pesquisa, com os povos que têm outros modos de vida, outras cosmovisões. “É necessário respeitar o tempo, as questões culturais e religiosas das comunidades com as quais dialogamos, pois suas relações entre trabalho, educação, lazer são diferentes das nossas”, afirmou o palestrante. “Qual é o caminho metodológico que seguimos para tornar nossas pesquisas compreensíveis para o outro, sem esvaziar a condição científica, sem resvalar no negacionismo. Precisamos nos colocar objetivamente para o outro como chegamos naquele conhecimento, saber explicarcar com clareza”, afirmou Loureiro.

O doutor Philippe Layrargues, professor associado da Universidade de Brasília (UNB), falou sobre a relação da educação ambiental e dos movimentos sociais e sobre a necessidade de ação e participação política, para superar a responsabilização individual pelo cuidado do meio ambiente. “Somos vítimas de uma ideologia que prega que devemos fazer a nossa parte, mas precisamos da pedagogia da indignação. Qual é a força que temos para enfrentar o sistema? A escola da pedagogia de direitos é o solo comum dos movimentos sociais. Direito à saúde, à floresta, ao ar puro – precisamos evocar nos educandos a luta por direitos”, afirmou Philippe.

O evento também contou com as fundamentais contribuições dos professores doutores Rita Paradeda Muhle, Cae Rodrigues, Laisa Freire, Miguel Ángel Arias Ortega, além dos Grupos de Discussão de Pesquisa (GDPs) e sessões de apresentação de trabalhos. Paralelamente houve uma programação cultural, uma feira regional e no último dia do evento os participantes tiveram a oportunidade de vivenciar experiências de turismo de base comunitária.

Para a diretora da UFPR Litoral e organizadora do evento, Vanessa Andreoli, foi uma alegria enorme e uma grande honra receber esse evento na UFPR Litoral, especialmente por ser uma referência na pesquisa em educação ambiental. “Recebemos mais de 300 pesquisadores e pesquisadoras incríveis, vindos de todos os cantos do Brasil e de vários países – gente que é referência na área e trouxe muitas ideias potentes. Os debates foram essenciais para a gente pensar caminhos possíveis para cuidar do nosso planeta. Em um momento em que as mudanças climáticas e as injustiças socioambientais estão tão presentes”, refletiu Vanessa.  Para ela, o encontro teve dimensão mais ampla que o seu aspecto acadêmico. “O XXI EPEA fortaleceu nossa comunidade, abriu espaços de troca e diálogo, movimentou o comércio local e o turismo de base comunitária, com visitas às comunidades das ilhas e outras regiões do litoral. São momentos que vamos levar para vida toda. Quero agradecer todo o carinho e reconhecimento que recebemos. Foi realmente especial”, concluiu.  

Visitas técnicas
Aproximadamente 80 participantes do XII Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental participaram das visitas técnicas no dia 17 de abril. Os roteiros foram realizados na Ilha do Mel e do Valadares (Paranaguá), na Ilha Rasa (Guaraqueçaba) e nas comunidades do Cabaraquara, Porto de Passagem e Parati (Guaratuba). As visitas beneficiaram diretamente 20 pessoas das comunidades, seis guias de turismo e três condutores de turismo do Parque Nacional Saint Hilaire Lange (PNSHL). Essa ação integrada contou com o apoio direto da direção do Setor Litoral da UFPR, envolveu os cursos de Tecnologia e Gestão de Turismo e o de Design, o projeto de extensão universitária Nossas Marcas, a Rede Anfitriões do Litoral e a Sambaqui Turismo.

Sobre o EPEA
Criado em 2001, o Encontro Nacional de Pesquisa em Educação Ambiental é um evento bienal promovido por diferentes grupos de pesquisa. Desde sua criação, tem se consolidado como um dos principais espaços de articulação entre pesquisadores da área, com o objetivo de: Discutir, analisar e divulgar pesquisas em Educação Ambiental (EA); aprofundar os debates epistemológicos e metodológicos da área; identificar e compartilhar práticas de pesquisa desenvolvidas em programas de pós-graduação e em contextos institucionais e não-institucionais.

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