Universitários indígenas são tema de pesquisa

 28 de abril de 2016 - 10h00

Valeria

Valéria dos Santos de Oliveira é mestranda pelo Programa de Desenvolvimento Territorial Sustentável PPGDTS) e técnico-administrativa no cargo de secretária executiva no Setor Litoral. Atualmente Valéria trabalha na Seção de Políticas Afirmativas (Sepol). Nesta entrevista, ela conta sua trajetória de estudos sobre o tema e adianta alguns dos resultados de sua pesquisa.

Você começou seus estudos e pesquisas sobre a mulher indígena durante a especialização em Questão Social, ofertada pela UFPR Litoral, por que escolheu esse tema para estudo?
Escolhi esse tema porque, nos anos de 2005 e 2006, trabalhei como estagiária na Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) e entre outras coisas trabalhei com o acompanhamento dos primeiros estudantes indígenas que ingressaram na UFPR, pelo vestibular dos povos indígenas. Portanto, já nutria um carinho e uma disposição pela luta e causa indígena e também porque pretendia compreender e problematizar a questão de gênero no contexto indígena diante das políticas públicas na universidade, trazendo assim os relatos de mulheres indígenas que estudam na UFPR – Setor Litoral, destacando impactos e significações na vivência universitária dessas mulheres.

Neste momento você está cursando o mestrado em Desenvolvimento Territorial, qual o foco da sua pesquisa?
Estou finalizando minha dissertação e trabalho com a análise da política pública de ação afirmativa, pelo viés da educação superior indígena na UFPR. Desta vez trabalho com enfoque na visão do gestor e de informantes-chave, entre os quais alguns estiveram presentes na implementação da política.

Qual é a abordagem e a metodologia que está utilizando?
Destaco a complexidade dos desdobramentos da discussão da política pública, analisada a partir da metodologia do modelo de múltiplos fluxos, de John Kingdon. Esse autor propõe a conjunção dos fluxos de problemas, político e soluções e alternativas, para abertura de uma janela de oportunidades, possivelmente desencadeando a formação de agenda ou de mudança na agenda política, relacionadas à fase do ciclo das políticas públicas que trato.

Quais formam os principais achados até agora?
A análise da própria documentação da política educacional indígena na UFPR e no contexto nacional e os desafios e avanços dos que travaram as lutas pela consolidação da política pública afirmativa na prática – os indígenas, os indigenistas, os movimentos sociais são bons achado. As entrevistas trouxeram muitos elementos interessantes sobre o impacto que política indígena trouxe para a sociedade e academia, percebo que o impacto simbólico é muito relevante e destacado. Se possível escrevia todas as entrevistas na íntegra na dissertação, mas é inviável. Outro aspecto, sem dúvida, é a importância da discussão das ações afirmativas que fomentou junto a grupos da sociedade e principalmente das universidades públicas a necessidade de se voltar o olhar de forma mais apurada à questão das ditas “minorias”, ou seja, grupos e pessoas com prejuízos nos processos históricos.

E, por outro lado, que descoberta mais lhe surpreendeu, alguma delas foi além das suas hipóteses iniciais?
Não diria descoberta, e enfatizo também que não foi o escopo do meu trabalho, porém, é inevitável não tratar da Lei 12.711/12, comumente tratada como “Lei de Cotas”, que dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Lei que fomentou e fomenta discussões e que por sua atualidade, merece ser analisada em profundidade para verificação de seus desdobramentos na prática, mas essa análise vai além das hipóteses que propus.

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