A terceira edição do evento Março Mulher Matinhos, organizado pelo projeto de extensão de Prevenção e Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar e pelo Conselho da Mulher de Matinhos, reuniu lideranças do movimento de mulheres da região. As convidadas foram recebidas pelo vice-diretor da UFPR Litoral, Luis Eduardo Thomassim, e pela presidente do Conselho da Mulher de Matinhos, Raíssa Leal Calliari. Thomassim ressaltou que atualmente mais de 50% dos estudantes da UFPR são mulheres, mas que ainda há necessidade de a instituição fortalecer as políticas de assistência e de permanência para esse público, uma vez que elas acumulam demandas familiares e sociais diferentes.
A primeira convidada a palestrar foi a delegada de Paranaguá, Maria Nysa, ela iniciou sua fala afirmando que nenhuma mulher deve aceitar nada menos do que a vida plena, ou seja, sem nenhum tipo de violência. “Temos que pensar e aplicar o direito não apenas em termos de normas, temos que nos desafiar, temos que aplicar princípios que estão presentes na letra da lei”, afirmou. Ela compartilhou que participa de vários coletivos que a ajudam a lutar pelos direitos das mulheres dentro e fora da corporação. “Participo da Marcha Mundial das Mulheres, do grupo de Policiais Anti-fascismo, são grupos que estão na luta pelos direitos das mulheres”, afirmou Maria. Maria Nysa ainda esclareceu que o atendimento adequado das mulheres vítimas de violência depende de uma formação extensiva de todos que trabalham nas delegacias e no atendimento às vítimas. Segundo ela, “não existe plantão em que não haja denúncia de violência à mulher, há mais dessas denúncias do que de roubos e furtos, por exemplo”, enfatizou a delegada. Para finalizar, ela indicou que todas as mulheres instalem em seus celulares o aplicativo de denúncias 190 (https://www.pmpr.pr.gov.br/Pagina/Aplicativo-190).
Na sequência, a assistente social da Defensoria Pública de Paranaguá, Natália Moreira, fez um breve resgate histórico da atuação da instituição no estado do Paraná. “A Defensoria começou em 2011 no Paraná , hoje temos 30 comarcas em 74 municípios .
Há um plano de expansão no estado do Paraná. Atualmente, a defensora de Matinhos atua em Paranaguá, mas nos próximos meses uma sede será instalada no município”, anunciou Natália. Ela também indicou o uso da Plataforma Luna (https://crc.defensoria.pr.def.br/auth/sign_in), um sistema de atendimento virtual, que está disponível no site da Defensoria.
A juíza Daniana Schneider foi a terceira a palestrar. Ela abordou o tema: O judiciário e a proteção da mulher vítima de violência. Daniana ressaltou que as medidas protetivas estão disponíveis e que sempre que preciso devem ser acionadas. “Precisamos confiar nos serviços que estão disponíveis e nos reunir em espaços como este, que é um espaço construtivo, para que a gente se fortaleça e consiga apoiar as vítimas de violência”, afirmou a juíza. Segundo ela, a sociedade como um todo precisa ser sensibilizada, porque todas as mulheres, em algum grau, já foram agredidas. “”Quem diz que nunca foi agredida, precisa ser sensibilizada, porque todas nós sofremos agressões constantemente, por sermos mulheres. Precisamos saber identificar a violência antes que ela evolua para algo mais grave”, continuou a juíza. A juíza afirmou que nossa sociedade precisa mudar, para que cada mulher possa ter liberdade de ser quem queira, sem filtro, sem receio.
Mutirão de atendimento jurídico
No período da tarde, aconteceu o mutirão de atendimento jurídico, no qual advogadas e advogados da Defensoria Pública e do Núcleo de Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude (NEDDIJ), um projeto da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) em conjunto com a UNESPAR – Campus de Paranaguá prestaram atendimento gratuito à população local.
No espaço Entre Blocos aconteceu a feira de artesanato e de produtos agroecológicos, de empreendimentos de mulheres. Também estavam disponíveis atendimentos da Secretaria Municipal de Saúde, com testes rápidos, e terapias integrativas ofertados pelo projeto de extensão Terapias Holísticas, da UFPR Litoral. Houve uma apresentação de ballet, do projeto da Escola Síntese com a Associação de Moradores da Vila Nova e, para finalizar, o café com prosa, quando as participantes puderam lanchar e conversar ao final do evento.


