UFPR Litoral debate o programa Future-se

 8 de agosto de 2019 - 13h31

Na quarta-feira, 08 de agosto, o conselho setorial do Litoral teve como pauta a proposta do Ministério da Educação, que, segundo o MEC, visa “fortalecer a autonomia financeira das universidades e dos institutos federais”. Além dos membros do Conselho Setorial, estavam presentes diversos docentes, técnicos e estudantes que, unanimemente, veem diversas restrições na proposta e perdas irreparáveis para as instituições públicas superiores. Segundo o diretor do Setor Litoral, Renato Bochicchio, o relato da reitoria é de que não houve diálogo entre representantes do MEC e reitores das IFES (Instituições Federais de Ensino Superior) antes da apresentação pública do programa. “A missão da instituição, nesse momento, é de fortalecer o diálogo com a sociedade e com os parlamentares, apontando a inviabilidade do Future-se para o compromisso e modelo de universidade federal que conhecemos no país”, afirmou Bochicchio.

No período da noite, foi promovida uma aula pública, sobre o tema: “O presente e futuro das universidades federais: uma análise dos interesses e ameaças do Programa Future-se”, com a participação de dois docentes da UFPR convidados.

A professora Claudia Regina B. S. Moreira, do Setor de Educação, que desenvolve pesquisas na área de políticas educacionais, particularmente políticas para a educação superior, foi a primeira a palestrar. Para ela, não faz sentido opor os investimentos em educação básica e aos da educação superior. “É nas universidades que fazemos pesquisas sobre conteúdos e metodologias de ensino. Não faz sentido fazer oposição entre o ensino básico e o superior, com uma visão de longo prazo”, afirmou Claudia. Ao expor números da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), sobre o investimento em educação ao longo de mais de uma década, a professora concluiu que não houve aumento de investimento na educação superior e houve aumento expressivo do investimento na educação básica e no ensino médio. Para ela, um dos eixos da discussão sobre o programa Future-se é que ele não leva em conta a expansão e a democratização do acesso ao ensino superior. “É preciso que a comunidade acadêmica seja promotora desse debate com a sociedade”, enfatizou Claudia.

O professor Marco Cavalieri, do Setor de Ciências Sociais Aplicadas, atual Pró-Reitor de Administração da UFPR. Cavalieri abriu sua fala apresentando um panorama comparativo do ensino superior em diferentes países, como Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Israel e Brasil. Segundo Cavalieri, na Austrália e em Israel predominam as instituições públicas, já nos Estados Unidos e na Inglaterra o financiamento, das que são consideradas as melhores instituições, é misto, prevalecendo o financiamento privado. Porém, ressaltou, essas universidades norte-americanas são instituições centenárias e que possuem fundos e aportes regulares de anuidades das famílias dos estudantes, que, em geral, têm uma renda bastante alta. Para o pró-reitor, o perigo é que o Future-se apresenta o investimento privado em substituição ao público. “As instituições brasileiras, já são subfinanciadas, já falta dinheiro. Se a intenção é melhorar o financiamento, eu acho que o financiamento privado tem que vir exclusivamente em adição, com regras bem definidas”, afirmou Cavalieri.

Além dos palestrantes, também esteve presente o professor Eduardo Salamuni, diretor administrativo da Apuf-PR, Associação dos Docentes da UFPR, para quem a proposta do Future-se, se realmente for implementada, coloca em dúvida a continuidade das atividades das universitárias federais do país.

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