Um projeto de iniciação científica do Setor Litoral está mapeando a forma como universidades brasileiras tratam a questão ambiental. A pesquisa, liderada pela professora Sandra Simm Rohrich, coordenadora do curso de Gestão e Empreendedorismo, já constatou que a gestão ambiental ainda é incipiente no meio universitário e pretende analisar as possibilidades para um modelo adequado ao Setor Litoral.
A professora e os estudantes vinculados ao projeto – intitulado Gestão Ambiental em Instituições Universitárias: Especificidades do Setor Público e Possibilidades para a UFPR – e estão organizando um levantamento histórico dos modelos de gestão ambiental que se tornaram referência em âmbito nacional e internacional e identificando as universidades brasileiras que possuem modelos de gestão ambiental implementados.
Internacionalmente os eventos e iniciativas relacionadas à sustentabilidade no ambiente universitário tiveram início na década de 90. Instituições de países como França, Canadá e País de Gales estão entre as pioneiras nas práticas sustentáveis. Atualmente a Inglaterra lidera o movimento universitário na Europa, com a Environmental Association for Universities and Collages (EAUC), que serve de interlocutora entre as universidades e outras instituições de ensino britânicas.
No Brasil, não há uma organização ou normativa especifica para as Instituições de Ensino Superior. Assim, elas devem seguir normativas gerais, como a Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Entre as pioneiras está a Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, que desenvolve o projeto Verde Campus, implantado em 1997.
Diante desse cenário, a pesquisa coordenada por Sandra visa também elencar as exigências legais para o setor público quanto às práticas para a gestão ambiental, e levantar diretrizes voluntárias para a gestão ambiental que podem ser adotadas pelo Setor Litoral da UFPR.
Para Sandra, as universidades são representações sociais que contribuem para a transformação dos indivíduos mediante o ensino, a pesquisa e a extensão. “Nesse tripé se espera que o conceito de desenvolvimento sustentável seja elencado nas disciplinas, mesmo que seja de modo transversal”, afirma.
Sandra conclui que para ampliar as práticas sustentáveis, as diretrizes precisam ser mais claras. “A comunidade acadêmica precisa compreender o seu papel nesse processo, ou seja, minimizar os recursos utilizados, minimizar os rejeitos produzidos e promover a reciclagem e reutilização daqueles que foram gerados”, afirma. Ela ressalta que os profissionais formados irão transferir esse conhecimento após saírem da universidade e essa pode ser uma importante ferramenta de transformação.
TI Verde e desperdício de alimentos
Em 2017, o estudante de Gestão e Empreendedorismo Paulo Fonseca Ramos de Oliveira investigou o desperdício de alimentos no Restaurante Universitário de Matinhos. Como resultado da pesquisa de iniciação científica, ele contatou que o desperdício (retro-ingestão) está dentro do parâmetro aceitável, com taxas abaixo dos 10%. Mesmo assim, esse desperdício, segundo o estudante, poderia ser evitado ou, ao menos, minimizado. “Infelizmente a cultura do desperdício ainda é uma realidade, não por falta de conhecimento ou informação, mas por causa da falta de consciência coletiva, do distanciamento entre a teoria e a prática”, reflete Paulo.
Outro ramo da pesquisa de iniciação científica, desenvolvido pela estudante Doralice Nascimento, focou no tema da Tecnologia da Informação Verde (TI Verde), que abrange desde o uso correto dos equipamentos, visando a economia de energia e o aumento da vida útil, até a gestão estratégica, que abrange desde a compra, os modos de uso, até o descarte dos equipamentos.
Entre os achados da pesquisa está que o lixo eletrônico do Setor Litoral é encaminhado para a sede da Universidade, em Curitiba, para ser destinado a uma empresa especializada na destinação desses materiais. Em relação à gestão, foi constatado que as práticas verdes ainda são insipientes, com o agravante que a vida útil dos equipamentos no litoral é menor e que alguns precisam estar constantemente ligados, para não oxidarem, aumentando o consumo de energia elétrica.
Para estudante Doralice, participar da iniciação cientifica foi um ganho. “Com as entrevistas que fiz com a equipe de TI, foi possível mensurar as práticas de tecnologias da informação sustentável, além de outras oportunidades que sem dúvida me propiciaram desenvolvimento, maturidade acadêmica e pessoal”, relatou a estudante.
Por Aline Gonçalves – Comunicação/Setor Litoral