Os hábitos de vida das famílias em geral vêm se modificando há anos, e os índices de sobrepeso e obesidade também aumentaram, principalmente na população de crianças e adolescentes. Alimentação com excesso de carboidrato, gordura e açúcar (ultraprocessados), pouca relação com exercícios físicos regulares e aumento do tempo em frente às telas são fatores que têm ligação com o aumento de todos esses índices. Porém, não são apenas comportamentos individuais que condicionam sobrepeso e obesidade. Outros contextos como a comunidade, a escola, diversos ambientes sociais, bem como o contexto político em que estão inseridos os indivíduos e a coletividade também têm influência sobre excesso de peso.
A Organização Mundial da Saúde divulgou em 2016 que 41 milhões de crianças menores de 5 anos estavam classificadas com sobrepeso ou obesas. No Brasil, um dado mais atual de 2020 mostra que das crianças acompanhadas na Atenção Primária à Saúde (APS) do SUS, 15,9% dos menores de 5 anos e 31,8% das crianças entre 5 e 9 anos tinham excesso de peso, e dessas, 7,4% e 15,8%, respectivamente, apresentavam obesidade segundo Índice de Massa Corporal (IMC) para idade. Quanto aos adolescentes acompanhados na APS em 2020, 31,9% e 12,0% apresentavam excesso de peso e obesidade, respectivamente. Considerando todas as crianças brasileiras menores de 10 anos, estima-se que cerca de 6,4 milhões tenham excesso de peso e 3,1 milhões tenham obesidade. Entre os adolescentes brasileiros, estima-se que cerca de 11,0 milhões tenham excesso de peso e 4,1 milhões, obesidade. Assim, fica evidente que o aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescente é alarmante.
A obesidade infantil é considerada um problema de saúde pública, com grande impacto na saúde das populações devido a sua evolução para doenças crônicas degenerativas não transmissíveis, como diabetes melIitus tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e em diversos sistemas orgânicos. Além dessas doenças, outros problemas podem advir da obesidade, como o desenvolvimento da puberdade precoce, anormalidades endócrinas, gastrointestinais, pulmonares, ortopédicas, neurológicas, dermatológicas, renais e psicológicas.
Diante disso, o que podemos fazer para nossas crianças e adolescentes? Estimular e incorporar ambientes saudáveis para si e sua família, criando um espaço domiciliar de alimentação com menos ultraprocessados e mais consumo de alimentos in natura; conscientização sobre a importância da ingesta de água; negociar o tempo no uso de telas e videogames; propor e participar em conjunto com as crianças e adolescentes de brincadeiras e atividades físicas que exijam movimento e gasto energético; buscar informações e manter acompanhamentos regulares de saúde. É importante que o adulto não apenas indique e imponha novos hábitos, mas que também coparticipe da implementação de estratégias para melhorar a saúde de todos com quem convive, principalmente de crianças e adolescentes que aprendem muito por meio dos exemplos práticos e diários.
Referências
Sociedade Brasileira de Pediatria – Departamento de Nutrologia Obesidade na infância e adolescência – Manual de Orientação / Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. 3ª. Ed. – São Paulo: SBP. 2019. 236 p.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. PROTEJA: Estratégia Nacional para Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil: orientações técnicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 39 p.