O Setor Litoral da UFPR é parceiro do Projeto Capoeira na Escola, coordenado pelo Mestre Bacico, desde 2018. Atualmente são 14 turmas, com 150 alunos entre 08 e 12 anos, que praticam a capoeira no contraturno escolar. Mestre Bacico é pioneiro da capoeira no litoral do Paraná. Natural de Paranaguá, ele é capoerista há mais de 50 anos, sendo que iniciou os grupos em 1976. Hoje ele também representa a Federação Paranaense de Capoeira. Em Matinhos, o estímulo à prática da capoeira na escola foi garantido pela Lei Municipal 1456/2011.
Mestre Bacico contou que o projeto começou dentro das escolas Municipais, mas desde 2018 as aulas acontecem na UFPR Litoral e nas comunidades. “Hoje ele é desenvolvido aqui no Setor da UFPR, temos a parceira da Prefeitura e da Universidade”, declarou o mestre. “O nosso projeto não visa a formação do capoeirista, mas sim a formação do bom cidadão. É uma forma de contribuir com a educação das crianças e dos pré-adolescentes, auxiliando muito nas disciplinas escolares. A capoeira é um jogo que aborda história, geografia, português, matemática, ela dialoga também com a arte e com música, com dança”, explicou o Mestre.
Para ele, a parceria com a UFPR abre horizontes para as crianças logo cedo. “Com relação ao espaço aqui na Universidade, é uma parceria muito benéfica. Porque desde cedo a criança já vai se ambientando com o ambiente acadêmico, o que geralmente não acontece. As pessoas vão ter esse interesse ou envolvimento muito mais tarde”, opinou Bacico.
Confira o vídeo sobre o Projeto Capoeira na Escola, produzido pela Secom-UFPR Litoral.
As inscrições para as práticas de capoeira são feitas nas escolas municipais, a Secretaria de Educação Municipal disponibiliza o transporte ida e volta da escola até a UFPR. Além das turmas na UFPR , há grupos comunitários nos bairros Mangue Seco, Vila Nova e na Casa da Cultura (centro).
Capoeira no Brasil
A capoeira é uma manifestação cultural afro-brasileira que combina elementos de luta, dança, música e jogo. Teve origem no período colonial brasileiro, quando foi desenvolvida por africanos escravizados que foram trazidos ao Brasil, especialmente da região de Angola. No ambiente hostil das senzalas e dos quilombos, a capoeira surgiu como uma forma de resistência cultural e física, permitindo aos escravizados manterem suas tradições e ao mesmo tempo treinar habilidades de combate disfarçadas como dança, o que ajudava a evitar a repressão dos senhores de engenho.
Durante muito tempo, a capoeira foi marginalizada e até mesmo criminalizada. No final do século XIX, após a abolição da escravatura em 1888, a capoeira continuou a ser associada ao crime e à desordem, o que levou à sua proibição oficial pelo Código Penal de 1890. Porém, com o tempo, essa visão começou a mudar, especialmente a partir da década de 1930, quando a capoeira começou a ser reconhecida como uma prática cultural legítima. Mestres como Mestre Bimba e Mestre Pastinha foram fundamentais para essa transição, promovendo a capoeira como uma forma de arte marcial e criando escolas para ensiná-la de maneira formal. A capoeira foi oficialmente reconhecida como patrimônio cultural brasileiro em 2008 e, em 2014, a Roda de Capoeira foi inscrita na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
Habilidades desenvolvidas com a prática da capoeira:
– Desenvolvimento físico e motor.
– Socialização e trabalho em equipe.
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