Criada para sensibilizar e oportunizar debate sobre temas importantes para as mulheres, a campanha Março das Mulheres na UFPR foi lançada nesta sexta-feira (8) no auditório do Campus Cabral, em Curitiba. A campanha inclui uma programação especial para todo o mês, com mesas redondas e eventos culturais, na capital e em Matinhos (Setor Litoral) — a organização é da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) e da Editora da UFPR.
Segundo a vice-reitoria da UFPR, Graciela Bolzon de Muniz, a campanha vai ao encontro da necessidade social de promover o questionamento sobre a desigualdade de gênero, mas também tem a intenção de “celebrar a vida de mulheres comuns” que têm influenciado no complexo caminho por igualdade. Graciela lembrou, por exemplo, que, ao mesmo tempo em que as estatísticas que refletem a violência contra a mulher no Brasil continuam apresentando um quadro grave, as mulheres têm aberto espaço em frentes importantes, como educação, profissão e empreendedorismo.
Ela citou, por exemplo, a produção científica promovida por mulheres (que assinam metade de artigos científicos do País) e a presença feminina na graduação (hoje, a maioria dos alunos são mulheres). “Quando cursei Engenharia Florestal, a realidade era bem diferente”, contou. Graciela reconheceu, porém, que “é longo o caminho por respeito e igualdade”, a começar na participação política. “Se as mulheres têm capacitação, por que não são eleitas? E quando são eleitas, por que não são ouvidas?”, questionou.
Pesquisadora de temas sobre gênero, a pró-reitora de Assuntos Estudantis, Maria Rita de Assis César, também fez um contraponto bem-humorado com base na sua experiência universitária. Segundo ela, em 1999, quando ingressou na docência da UFPR, apenas quatro professoras se diziam “abertamente feministas”: a soma inclui a própria Maria Rita, Ana Paula Vosne Martins (História), Miriam Adelman (Ciências Sociais) e Celsi Silvestrin (Decom). “Hoje assumir-se feminista faz parte da subjetividade das meninas. Crescemos na universidade e no Brasil”, avaliou.
Acolhimento
Outro destaque do lançamento da campanha foi a divulgação do Acolhe UFPR, um núcleo de acolhimento a pessoas da comunidade acadêmica que venham a ser vítimas de discriminação, assédio e violência, que será administrado pela Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade (Sipad). Localizado no Prédio Histórico, onde funciona a Sipad, o núcleo oferecerá atendimento de psicólogos e assistentes sociais.
Segundo a assistente social Silvia Amorim Lima, integrante da equipe, a ideia é que seja oferecida escuta qualificada, bem como direcionamento e monitoramento das denúncias aos órgãos competentes. “Nossa intenção é solução, mas sempre ouvindo o que a vítima quer”, explicou.
A Sipad também pretende abrir, em breve, o prazo de inscrições para o curso de aperfeiçoamento que permitirá a formação de servidores (técnicos e docentes) da UFPR para atuação na futura rede de acolhimento a mulheres e a membros da comunidade LGBT. Depois de formados, os servidores atuam como referencial nos setores, recebendo questões e demandas desses grupos sociais. Segundo o superintendente Paulo Vinícius Baptista, a ideia é inspirada em uma iniciativa da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos.
O curso terá carga horária de 64 horas, das quais 32 presenciais. As primeiras turmas serão abertas para servidores de Curitiba e Matinhos, mas a intenção é que a capacitação seja feita de forma contínua.