Conquistas e desafios dos primeiros egressos da UFPR Litoral foram tema de pesquisa

 19 de maio de 2016 - 15h32

A professora do curso de Serviço Social da UFPR Litoral Adriana Lucinda de Oliveira defendeu sua tese de doutorado ‘O processo de inserção profissional dos egressos da UFPR Setor Litoral’, pelo programa de pós-graduação em Políticas Públicas da UFPR, no final do último ano.  Ela é assistente social pela UFSC e mestre pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2002) e pela Universidade Federal de Santa Catarina (2004). Seus estudos e pesquisas se concentram nas temáticas: egressos, inserção profissional, trabalho, desenvolvimento e políticas públicas.

Adriana é natural de Joinville e conta que as questões trabalhadas no seu doutorado também permeiam a sua trajetória de vida, uma vez que desde muito cedo conciliou o trabalho com os estudos. Ela acredita que atualmente a preocupação com a inserção no mundo do trabalho é ainda mais forte, uma vez que o fato de possuir um diploma não traz intrinsicamente nenhuma garantia, apesar de levar o egresso a uma posição social diferenciada. Para a professora, a lógica do trabalho é de uma excessiva responsabilização do sujeito, que pode acabar sendo culpabilizado pela sua condição, caso não consiga se inserir no mercado. “É uma questão que está posta e que precisa ser, no mínimo, politizada”, afirmou. Confira a entrevista.  

Qual foi o objeto de sua pesquisa?

Eu analisei os egressos dos quatro primeiros cursos de nível superior a serem implantados no Setor Litoral, como Gestão Ambiental e Fisioterapia foram os primeiros, foram entrevistados alunos de duas turmas desses cursos e ainda mais uma turma do curso de Serviços Social e uma de Gestão e Empreendedorismo (estudantes que ingressaram em 2005 e 2006). Meu universo são 115 graduados, desses seis eu não consegui localizar, localizei 109 e deles 87 responderam à pesquisa – 79% do universo. A coleta de dados dos estudantes aconteceu por um instrumentoonline interativo adaptável à realidade de cada estudante, as questões eram fechadas e com um espaço para contribuições discursivas ao final. Depois disso, eu ainda fiz 16 entrevistas, a partir de um roteiro com perguntas abertas, foram entrevistados quatro formados em cada um dos quatro cursos. Tive a ajuda e contribuição do coordenador pedagógico do Setor Litoral, Douglas Hamermuller, do professor Neilor Fermino Camargo, na pesquisa online, do técnico-administrativo Carleno Alcides Amorim Quintino, na estatística, e também do professor Mauro Belli, para coletar os dados. Para a aproximação com os estudantes, contei ainda com a ajuda de professores de cada um dos cursos e com o uso da rede socialFacebook.

Quais elementos foram relevantes para a análise dos dados que você levantou?

Trabalhei com a ideia do processo de inserção profissional, que vai envolver vários outros elementos, como as características do mundo do trabalho, uma certa transitoriedade, pois se fixar em um emprego ou trabalho não é uma coisa que acontece rápido e têm as especificidades das áreas. A gestão ambiental, por exemplo, existe uma demanda muito grande pela atuação desses profissionais nesta região litorânea, mas os órgãos públicos não contratam o número necessário de pessoas. Há carência de servidores nos órgãos e não há novas oportunidades de emprego. Isso fez com que os graduados em gestão ambiental saíssem da região ou buscassem oportunidades em outras áreas.

Houve dispersão para outras localidades dos graduados em outros cursos também?

Os cursos de Fisioterapia e Gestão Ambiental atraiam muitas pessoas de fora dos municípios do litoral paranaense, nas primeiras turmas de Gestão Ambiental e Fisioterapia muitos eram de Curitiba e Região Metropolitana. Já os de Serviço Social e Gestão e Empreendedorismo eram frequentados por estudantes do litoral, a maioria egressos de escolas públicas. Temos demanda da população local, mas nos primeiros anos de oferta dos cursos muitas pessoas de fora ingressaram na UFPR, por estarem mais preparadas para o vestibular.

Quais as perspectivas de continuidade da pesquisa?

A pesquisa continua, já apresentei um projeto de pesquisa justamente para continuar a analisar as trajetórias dos egressos. Além disso, há a proposta de criar um laboratório de avaliação e observação dos egressos.

No que constituiria essa observação?

Pensar a inserção profissional remete a analisar a sua trajetória e a sua trajetória não só enquanto está na universidade, mas inclusive antes, porque esse aluno, dependendo da escola que ele vem, vem com lacunas, temos que trabalhar a permanência e evitar a evasão, um observatório teria que trabalhar todos esses movimentos. Temos que acompanhar os que recebem bolsas e também proporcionar a participação em projetos, para que eles vivendo a potencialidade da universidade. Temos muitas mulheres e alunos de faixa etária um pouco mais avançada, há o crescimento da presença de mulheres, o que traz outras especificidades, porque a sociedade é ainda bastante marcada pela questão de gênero, muitas responsabilidades ainda recaem sobre a mulher.

Tendo em vista esse panorama, quais as características que marcam a UFPR Setor Litoral e quais os desafios a serem enfrentados, em seu ponto de vista?

Estamos em um Setor que tem características próprias, que tem um intencionalidade emancipatória e de contribuir com o desenvolvimento do entorno, mas tem uma fragilidade no que diz respeito a mensuração desses processos. Não estou falando só em números, mas em dados qualitativos também, de processos de análises e monitoramento dessa interlocução. Apesar de o papel da universidade ser bem mais abrangente, há a expectativa dos jovens que ingressam de saírem preparados e com oportunidades no mercado do trabalho. Temos que prepará-los também para a sua vida social, cidadã e política, não podemos apensas preparar para o mercado, mas também não podemos desprezar essa preparação.

 

 

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