Combate às larvas do Aedes aegypti já

 25 de fevereiro de 2016 - 16h31

Texto: Marcio Henrique Gross Dginkel, médico, técnico-administrativo na UFPR Setor Litoral
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr (agenciabrasil.ebc.com.br)

Embora sejamos tão eficientes em abater e exterminar outras espécies quanto as forças da natureza em outras eras geológicas (extinção Cambriana, extinção Cretácea), não obtivemos êxito quanto a um mísero mosquito, o Aedes aegypti, que agora nos ameaça, como se fosse difícil ou mesmo impossível combatê-lo.

É evidente que o controle dessa praga se faz necessário em todas as etapas de seu desenvolvimento, mas é muito mais fácil fazê-lo no momento em que ele é mais frágil: a fase larval, quando o inseto vive na água (que nem precisa ser limpa como antes, pois o Aedes deixou de ser exigente). Já conseguimos erradicá-lo em 1958 (retornou em fim dos anos 1960) e de novo o erradicamos em 1973 (que retornou em 1976). A erradicação só foi possível pela sensibilização e mobilização da população. Governos afirmam que é impossível levar o Aedes aegypti à extinção, mas podemos pelo menos controlar sua população, pois 80% dos criadouros são encontrados dentro das residências e apenas 20% ao redor delas.

Que tal fazermos o que sabemos de melhor? Vamos colocar o Aedes aegypti na lista dos animais ameaçados de extinção?

A ação do homem na extinção das espécies
As pesquisas são claras: estamos no meio da sexta extinção em massa, a “Extinção do Holoceno”. É certo que as mudanças climáticas tem papel importante nisso, porém a nossa ação tem sido fundamental, pois ao longo dos últimos 11 mil anos fomos extremamente eficientes em caçar e extinguir inúmeras espécies. Nos alimentarmos delas talvez tenha contribuído substancialmente para nossa sobrevivência, talvez outras espécies nós tenhamos extinto porque nos sentimos amaçados. Não temos certeza, mas provavelmente tenha sido assim com animais retratados nas cavernas pré-históricas, como o bisonte europeu (e é certeza que quase aconteceu com seu primo, o bisão americano, salvo da extinção pela caça por pouco mais de mil espécimes), mamutes e mastodontes (tanto na Eurásia quanto na América) e na sua trilha com o tigre-dente-de-sabre e o urso europeu.

Nossa certezas apontam que nos últimos 400 anos fomos diretamente responsáveis pelo desaparecimento de uma lista de quase mil espécies iniciada pelo dodô (veja gravuras desses lindos animais em Book Of The Death/ O Livro dos Mortos que recentemente foi engrossada com a entrada da ararinha-azul da Caatinga. A maior parte das 897 espécies catalogas foi extinta por caça excessiva para alimentação, vestimenta (por necessidade ou até por luxo como o bison-da-pensilvânia e raposa-das-Malvinas), proteção de nossos rebanhos (lobo mexicano e lobo-do-Texas, tigre-da-Tasmânia) e até por puro esporte (arau-gigante).

Nos últimos cem anos percebemos que não há recomposição da fauna uma vez extinta, e foi criada uma lista que cresceu nos últimos anos, com adições anuais e que raramente podemos reintroduzir com sucesso (como o mico-leão-dourado). Por outro lado, essa percepção foi aliada na extinção deliberada de espécies que pudessem colocar em risco nossa vida (como é o caso do vírus da varíola) ou nossos rebanhos (algumas espécies de lobos e leopardos).

As extinções fizeram até parte de estratégia e políticas públicas de uma nação, como no caso da China, de Mao Tsé-Tung, com a Campanha das Quatro Pragas (na qual ratos, moscas, mosquitos e pardais foram incluídos na lista de inimigos do povo) que os ameaçavam com fome e doenças. Destes, apenas os pardais (pardal-montês-da-Eurásia) foram extintos, causando desequilíbrio ecológico com a proliferação de gafanhotos e outros insetos.

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