Aulas remotas: pesquisadores apresentam dados que apontam obstáculos e indicam necessidades de mudanças imediatas

Segundo a equipe da UFPR Litoral que conduz a pesquisa “Lugar de criança é…?”, os resultados parciais do estudo indicam que o modelo de ensino adotado pelo estado do Paraná e por alguns municípios apresentam limites importantes e podem estar aprofundando desigualdades. Segundo o relatório com dados parciais da pesquisa; “embora os resultados não sejam homogêneos quanto a positividade ou negatividade das diferentes estratégias implementadas pelas redes de ensino”, já seria possível identificar “os maiores contrastes entre as experiências dos participantes da pesquisa”. Os dados também indicam quais procedimentos funcionam como obstáculos ou como facilitadores no desenvolvimento de atividades escolares, de acordo com o perfil dos participantes.
Conforme a pesquisa, o primeiro grande contraste facilmente identificado se dá entre a rede privada e a rede pública. “As escolas privadas estão desenvolvendo, em geral, programações semanais mais compatíveis com a realidade das famílias, demandando menor quantidade de tempo de tela e possibilitando encontros virtuais entre colegas de turma, além de interações com seus próprios professores”, afirmam os pesquisadores.
Além das dificuldades de acesso à internet e da disponibilidade de dados, segundo professor Luís Thomassim, um dos coordenadores da pesquisa, “os dados que mais preocupam, no entanto, são referentes ao fato de que há uma grande pressão sobre os estudantes, famílias, professores e equipes diretivas, especialmente da rede estadual, para baixo retorno pedagógico. Seja qualitativo ou quantitativo”. Segundo Thomassim, “todo esforço de professores e das equipes escolares da rede pública estadual de ensino está sendo consumido por procedimentos de gestão de pacotes de videoaulas, de controle por aplicativos e aplicações de atividades ou quiz. Por sua vez, a construção de sentidos pedagógicos dessas experiências está dependente do repertório familiar para atender as demandas escolares. E, como sabemos, as famílias das crianças estão envolvidas em realidades desiguais. Isso aprofundará, se mantido esse modelo, as distâncias quanto ao direito a educação”.
O estudo já reuniu relatos de 150 famílias e a equipe pesquisa os inclui os professores Luís Thomassim e Marisete Hoffmann-Horochovski, além das graduandas Thalita Castro e Melissa Salvador.
A pesquisa disponibiliza parte dos relatos de crianças e famílias através de um Blog. Conheça um pouco dessas histórias no endereço: https://lugardecriancaufprlitoral.blogspot.com/
Para ter acesso ao Relatório Parcial da Pesquisa, acesse: https://litoral.ufpr.br/corona/mare/