Estudo relaciona clima e disseminação do coronavírus 

 5 de maio de 2020 - 10h25

Estudo pioneiro no Brasil analisa o efeito de variáveis meteorológicas, como temperatura, umidade relativa e precipitação pluvial, na transmissão de COVID-19 em cinco cidades com alta incidência da doença. O estudo foi realizado em parceria pelos pesquisadores André Auler e Vinício Oliveira, da UFPR (Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, Setor de Ciências Agrárias; e da Câmara de Saúde Coletiva, Setor Litoral), e Fábio Cássaro e Luiz Pires da UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa (Departamento de Física). O estudo foi publicado na revista Science of The Total Environment, periódico científico com alto fator de impacto e relevância.

Os resultados demonstraram que em cidades com temperaturas próximas a 27 graus Celsius e umidades relativas do ar próximas a 79% tiveram as maiores taxas de transmissão da doença, contrariando os resultados até então reportados. Ainda, ficou evidente que há uma combinação entre a temperatura e a umidade relativa do ar (condicionada pelos eventos de precipitação), denominada de umidade absoluta, que mais favorece a disseminação da doença.

Segundo o professor André Auler, o estudo buscou identificar o possível aumento na transmissão da doença em função da temperatura, umidade relativa e precipitação pluvial. Os autores destacam a importância de um estudo local, pois a informação até então disponível foi baseada em estudos conduzidos em países mais frios que o Brasil, com temperatura média de aproximadamente três graus Celsius.

“Com base nesses estudos, o aumento da temperatura, por exemplo, reduziria a transmissão do vírus. Contudo, no Brasil não tem se observado esse comportamento. A exemplo as cidades da Região Norte e Nordeste, locais com maiores taxas de incidência e mortalidade”, enfatizam os autores. Eles ainda destacam que, em função destes estudos, pode existir a falsa impressão de que a doença não seria um problema tão grave no território nacional.

Com isso, segundo Vinício Oliveira, são necessárias políticas e ações intersetoriais capazes de mitigar os efeitos da pandemia, principalmente em cidades onde a taxa de contaminação está aumentando rapidamente, com o objetivo de reduzir a transmissão e o possível colapso do sistema de saúde. Devem ser adotadas medidas de prevenção e proteção nessas cidades, sendo o isolamento social a medida mais eficaz.

Os pesquisadores pretendem continuar o estudo. “Faremos o mapeamento não apenas com variáveis meteorológicas, mas também com variáveis socioeconômicas, indicadores de qualidade de vida, taxas de isolamento social, informações sobre saneamento básico, entre outras”, afirmou Vinício.

Acesse o estudo na íntegra

Figuras adaptadas do artigo original. A ordem de cores indica cidade mais quente (vermelho) para a mais fria (azul).

 

 

Figuras adaptadas do artigo original. A ordem de cores indica cidade mais quente (vermelho) para a mais fria (azul).

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