Reitor convoca UFPR a defender o conhecimento

 7 de maio de 2019 - 11h49

O reitor da Universidade Federal do Paraná, Ricardo Marcelo Fonseca, esteve em Matinhos, na segunda-feira (06/05), inaugurando o Ciclo de Debates organizado pelo Setor Litoral, que tem como objetivo discutir a conjuntura nacional. O diretor do Setor Litoral, Renato Bochicchio, recebeu o convidado enfatizando a relevância de espaços de debate na conjuntura atual. Com o auditório lotado de estudantes, docentes e técnico-administrativos, além de representantes da comunidade local, Ricardo Marcelo enfatizou que a UFPR é a alma mater do estado do Paraná. “Estamos em um momento confuso e estranho. Temos a insígnia de resistir, uma vez que o Governo Federal não considera as universidades públicas suas aliadas”, declarou no início da sua fala.

Segundo ele, o atual Governo Federal tem ressentimento em relação às universidades públicas e um plano de desmonte. “É uma época surreal, porque nós fazemos parte do Estado e somos vistos como uma ameaça. Nos consideram um centro de esquerdistas, um lugar de ideologias, de contestação e corrupção. Claro que nas universidades há pessoas de esquerda, mas há também as de direita, há ideologias, por sermos um lugar de debates, não há como se despir de ideias e se dizer neutro. Somos um lugar de liberdade e pluralismo”, destacou o reitor.

Segundo ele, o principal desafio de toda a comunidade universitária é comunicar a todos os setores da sociedade o seu papel na construção e desenvolvimento do país. Difundir informações tais como: que as instituições públicas são responsáveis por mais de 90% da pesquisa e inovação realizadas no país; que os quadros formados para atuar nos setores produtivos, seja da indústria, do agronegócio, da saúde, são fundamentais para o desenvolvimento econômico; e que a universidade é um agente de inclusão social, uma vez que as instituições deixaram de ser elitistas, e atualmente o perfil dos estudantes é bastante diversificado.

Ricardo Marcelo, que além de advogado é historiador, fez um resgate da história do ensino superior, da fundação da UFPR e a sua relação com os principais marcos da história do estado do Paraná. Segundo ele, a UFPR nasceu branca, masculina e elitista, mas soube se diversificar e evoluir no decorrer dos seus 106 anos de história. “O Brasil tem uma história tardia de instalação dos cursos de ensino superior, se comparado com outros países das Américas. Um primeiro ensaio de instalação de cursos foi feito pelo Morretense, Rocha Pombo, em 1906. Mas foi em 1912 que Nilo Cairo e Victor Ferreira do Amaral tem êxito em fundar a Universidade do Paraná”, explicou Ricardo Marcelo.

Segundo ele, sem a Universidade, outras instituições paranaenses de peso, como a Copel, a Sanepar e o Hospital de Clínicas, maior hospital público do estado, não existiriam, uma vez que foram egressos da UFPR que as criaram. “Nossos egressos têm grande vínculo e orgulho da UFPR, dizem que é aqui que aprenderam o seu ofício, que aprenderam a ser ‘gente’. Ouvimos isso constantemente nas cerimônias de jubileu”, enfatizou o reitor, que encerrou a sua fala conclamando: “salve a universidade pública brasileira!”.

 

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