Evolução da COVID-19 e a vacina em Matinhos  

 18 de março de 2022 - 11h38

Estudo da UFPR revela a evolução da COVID-19 e resposta vacinal na cidade de Matinhos  

Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Setor Litoral, monitoraram, no ano de 2021, a incidência da COVID-19 e a resposta às vacinas na cidade de Matinhos utilizando metodologia para detecção de anticorpos desenvolvida na UFPR.  

Mais de duas mil análises foram realizadas em cerca de mil pessoas que participaram da pesquisa no ano de 2021. A metodologia empregada permite detectar tanto aquelas pessoas que já tiveram COVID-19 quanto a resposta imunológica desencadeada pela vacinação. Os dados já estão disponíveis no formato pre-print, sem revisão por pares https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2022.03.10.22271805v1.  

Evolução da doença: Os resultados indicam que a taxa de infecção pelo novo coronavírus foi semelhante em homens e mulheres e independentemente da idade. O número de casos de COVID-19 reportado oficialmente em Matinhos em novembro de 2021 foi 4.052. O estudo sugere que o número de casos que realmente ocorreram na cidade seja de pelo menos 6.000. O pesquisador responsável pelo estudo, Prof. Luciano Huergo, alerta que o número de casos pode ser ainda maior; “uma das limitações do estudo é que a metodologia usada não consegue detectar casos de COVID-19 que ocorreram há mais tempo. De quatro pessoas acompanhadas que desenvolveram COVID-19 há mais de 200 dias todas tiveram uma queda nos níveis de anticorpos sendo que em dois casos a doença não pôde mais ser detectada após 200 dias”. Estes dados são importantes para entender melhor a taxa de mortalidade da COVID-19. Considerando apenas os números oficiais, a taxa de mortalidade da COVID-19 em 2021 em Matinhos foi de 3.6%. “Nosso estudo indica que a taxa de mortalidade da COVID-19 real no município seja menor que 2.4%”, revela o pesquisador. O estudo também sugere que apesar dos números oficiais terem reportado uma queda no número de casos no último trimestre de 2021 a doença continuou circulando na cidade, provavelmente de forma mais leve ou assintomática, um efeito esperado com o avanço da vacinação. 

Efetividade das vacinas: O estudo também analisou a resposta populacional da vacinação no Município. Os dados foram muito positivos. A porcentagem da população que desenvolveu anticorpos contra a proteínas Spike (teste que revela a efetividade das vacinas) seguiu exatamente a porcentagem da população que recebeu a segunda dose. Ao final de 2021 mais de 80% da população já havia adquirido imunidade contra a proteína Spike, que é a proteína que tem a chave de entrada do vírus no nosso corpo. O pesquisador acrescenta que os números do estudo em 2022 são ainda mais positivos “Em algumas campanhas estamos observando que mais de 90% da população desenvolveu anticorpos contra a proteína Spike. Estes dados revelam o grande sucesso da campanha de vacinação no município. Vale ressaltar que os melhores resultados de imunidade estão sendo observados naqueles indivíduos que estão já com a 3ª dose recomendamos a todos que mantenham a carteira de vacinação em dia”. 

Apesar das boas notícias o pesquisador alerta que a metodologia empregada não pode prever a proteção na população “O ensaio que utilizamos não é capaz de detectar especificamente aqueles anticorpos que neutralizam o vírus. Além disso, algumas das novas variantes podem escapar parcialmente da resposta vacinal”. Outra questão a ser considerada é por quanto tempo os anticorpos desenvolvidos pela resposta vacinal irão permanecer na população. “Estamos entrando agora em uma nova fase do estudo que visa entender a resposta pós-vacina e qual será a duração dos anticorpos induzidos pela vacinação”, revela o pesquisador. As testagens continuam semanalmente no Setor Litoral da UFPR e o cadastro e agendamento para participar pode ser realizado no site http://200.17.236.32/covid19/. A próxima campanha acontece dia 22 de março entre 18:30 e 19:30, serão abertas 120 vagas.  

Apesar do estudo ter sido realizado apenas em Matinhos o pesquisador concluí que é bem provável que a evolução da COVID-19 e das vacinas tenha sido semelhante em outras cidades do Brasil. O estudo também conclui sobre a importância da testagem sorológica. “Apesar de termos avançado na produção nacional de testes que detectam infecções ativas como RT-qPCR e testes de antígenos ainda não há uma política no sentido de desenvolver ou fornecer testes sorológicos, como aqueles desenvolvidos aqui na UFPR, à população. O estudo mostra que testes sorológicos são ferramentas poderosas no acompanhamento epidemiológico da doença e na resposta vacinal. Também pode ser uma ferramenta para distinguir doenças que tenha sintomas similares como a dengue que é muito comum no Litoral. “Muitas vezes recebemos pessoas que tem indicação médica para realizar um exame sorológico, mas que não podem pagar pelo teste”, revela o pesquisador.  

O professor termina agradecendo o apoio da Reitoria UFPR, PRA, FDA, INTEGRA, direção do Setor Litoral, Prefeitura de Matinhos e do laboratório de engenharia de cultivo celular da UFPR. O estudo teve participação de técnicos da SAPS, tecnologia de informação e dos laboratórios didáticos do Setor Litoral. Participaram também do estudo Profa Kádima Teixeira UFPR Toledo e estudantes de graduação e pós-graduação.  

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