Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) monitoraram desde janeiro de 2021 a incidência da COVID-19 e a resposta às vacinas no litoral do Paraná utilizando metodologia para detecção de anticorpos desenvolvida na UFPR. Cerca de 6.000 análises foram realizadas com amostras de sangue coletadas entre janeiro 2021 e junho de 2022
As vacinas que conferem proteção contra a COVID-19 foram disponibilizadas ao público no Brasil no fim de janeiro de 2021. O programa de vacinação brasileiro emprega vacinas com diferentes tecnologias de diferentes fabricantes sendo CoronaVac (Sinovac), BNT162b2 (Pfizer/BioNTech) e ChAdOx1 (Oxford/AstraZeneca/Fiocruz) as mais utilizadas. Apesar dos estudos clínicos realizados pelas fabricantes terem determinado a segurança e eficácia dessas vacinas, é importante compreender se a eficácia será mantida em um cenário da vida real, onde variáveis adicionais como logística de transporte, hesitação da população na vacinação, atraso nas doses e infecções naturais, se aplicam. Além disso, é importante determinar se os intervalos recomendados entre as doses e as combinações entre diferentes combinações de vacinas para doses primárias e de reforço estão sendo adequadas para manutenção da proteção da população
Estudos recentes indicam que os níveis de anticorpos IgG reativo para a proteína spike do SARS-CoV-2, gerados pela vacinação, estão diretamente correlacionados com a grau de eficácia vacinal. Portanto, uma análise comparativa dos níveis de IgG reativos para proteína Spike em escala populacional pode fornecer informação importantes a efetividade da vacinação na população. Quanto maiores os níveis de IgG reativos para proteína Spike no sangue de um indivíduo, maior será se grau de proteção contra infecções sintomáticas e desenvolvimento da COVID-19 grave.
O estudo analisou os níveis de anticorpo IgG reativo para spike na população na cidade de Matinhos. Já no início de 2022, mais de 95% da população da cidade apresentava níveis de IgG detectáveis, este número se manteve constante até o fim do estudo em junho de 2022. Os resultados indicam que as campanhas de vacinação foram muito eficientes e tiveram alta adesão da população. Isto explica a drástica redução das mortes por COVID-19 no início de 2022 apesar do elevado número de casos de infecção que ocorreram neste período devido ao surgimento da variante ômicron, variante que pode escapar parcialmente os anticorpos induzidos pela vacinação.
Comparação da resposta das diferentes vacinas: O estudo avaliou os níveis de IgG reativos para proteína Spike de acordo com os fabricantes das vacinas. Os dados indicam que todas as pessoas que tomaram a segunda dose, independente do fabricante da vacina, apresentaram níveis de anticorpos superiores as pessoas não vacinadas. Não foram detectadas diferenças nos níveis de anticorpos de acordo com o sexo, cidade de residência e idade dos participantes (participaram do estudo apenas pessoas entre 18 e 70 anos de idade).
Os níveis de anticorpos detectados para proteína Spike foram superiores para a vacina da Pfizer, seguido de AstraZeneca e Coronavac. A vacina da Janssen não foi considerada no estudo devido à baixa representatividade amostral. Os resultados das taxas de desenvolvimento de anticorpos (seroconversão) induzidas por cada tipo de vacina seguiram de perto os números de eficácia das vacinas obtidos nos estudos clínicos. “Isto indica que os dados dos estudos podem ser extrapolados para a vida real e não estão sendo afetados por outras variáveis”, revela Prof. Luciano Huergo, coordenador da pesquisa.
Uma questão importante a ser considerada é: Por quanto tempo os anticorpos desenvolvidos pelas vacinas irão permanecer na população? Notamos que alguns meses após a aplicação da segunda dose os níveis de anticorpos reativos para proteína Spike diminuem significativamente. Porém, após a aplicação da dose de reforço (terceira dose), os níveis aumentam novamente. Portanto, é importantíssimo que as pessoas mantenham sua carteira de vaci