Nota da direção
Campanha Eu Apoio a Vacina UFPR: uma ação para a vida
Está intensa a adesão à campanha Eu Apoio a Vacina UFPR, lançada em julho de 2021. Mas, qual a origem dessa campanha em que parece estarmos apoiando o óbvio, que é a defesa de uma vacina para conter a pandemia da COVID-19?
Essa é uma campanha de captação de recursos para o desenvolvimento de uma vacina barata, eficaz e inteiramente nacional contra a COVID-19. Aderir à campanha significa contribuir financeiramente, lutando contra o negacionismo e o abandono da ciência pelo governo federal. Então, a campanha foi a saída que os pesquisadores-cientistas da UFPR encontraram para enfrentar essa situação e garantir proteção e saúde à população.
Para se ter uma ideia do tamanho dos cortes orçamentários, pela previsão do Governo Federal para 2021, somente o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) perderá 34% de sua verba anual. Em 2020, a pasta dispôs de 3,6 bilhões de reais para gastos. O CNPq vai amargar redução de 8,3% em seus recursos, contando, por exemplo, com apenas 22 milhões de reais para fomento à pesquisa, o que representa 18% do valor destinado em 2019. A Capes perde 1,2 bilhões em comparação aos 4,2 bilhões de reais que dispunha no primeiro ano do governo federal. A situação mais dramática se desenha no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT, que sofrerá um corte de 4,8 bilhões de reais em 2021. Esse é o cenário de quase paralisação do setor de Ciência, Tecnologia e Inovação, justamente no momento de maior crise sanitária pela qual passamos.
Diante dessa catástrofe, A Campanha “Vacina UFPR” tem como objetivo receber doações de pessoas físicas e jurídicas para viabilizar o desenvolvimento da vacina para a Covid-19 e para outras doenças. (vacina.ufpr.br).
Segundo o professor Emanuel Maltempi de Souza, um dos valentes responsáveis pela pesquisa da Vacina UFPR, são estimados “R$ 50 milhões para as fases clínicas. O valor previsto para a arrecadação é maior do que esse (cerca de R$ 76 milhões), pois envolve despesas administrativas e uma estrutura que permitirá o desenvolvimento de diversos insumos farmacêuticos injetáveis em escala de pesquisa e pré-piloto.” Mas, para conclusão dos estudos, é necessário o aprimoramento da estrutura física dos laboratórios para ampliar as pesquisas de desenvolvimento de imunizantes e a transferência de tecnologia, a capacitação dos recursos humanos e o desenvolvimento de outros imunizantes também serão viabilizados. Para se ter a noção do que significa um governo negacionista, essa pesquisa foi selecionada para receber recursos de um edital de abril de 2020 do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que financiava estudos de combate à Covid-19, com o valor de aproximadamente irrisórios R$ 230 mil.
Aqui na UFPR Litoral, o professor Luciano Huergo desenvolveu uma nova tecnologia de diagnóstico para Covid-19, por método imunológico. Em 15 minutos e custo estimado de produção cerca de 10 reais, tem-se um resultado seguro. E não há no mercado produto similar que seja capaz de detectar dois antígenos com tanta rapidez, escalabilidade e preço. Uma pesquisa que tem seu maior desafio em encontrar parceiros para escalonar produção, conjugar a forma de produção com ergonomia para o usuário final, desenvolver layout de caixas de transporte, frascos, registro na ANVISA e rede de produção, distribuição e comercialização, ou seja, investimento. Mesmo com orçamento reduzidíssimo, o nosso Conselho Setorial aprovou que parte desse orçamento fosse destinado à pesquisa desenvolvida pelo Professor Luciano, assim como o pesquisador precisa dedicar grande parte de seu tempo nessa busca de recursos.
Por isso, apoiar a Campanha Eu Apoio a Vacina UFPR é apoiar a ciência, a universidade, a vida. Porque a ciência se faz com pesquisa, a pesquisa tem na universidade seu lugar de possibilidades e uma vida cada vez mais saudável e feliz precisa de políticas públicas que invistam na educação, na arte, na ciência, na saúde, enfim, invista nas pessoas.